O crack da bolsa de 1929 e o impasse econômico de 2008 foram frutos de dinheiro qualquer, oferecido de jeito qualquer para pessoa qualquer que não tinha como saldar. Emprestadores e tomadores de empréstimo deixaram-se levar pela urgência e pela falta de critérios. Aventuraram-se, arriscaram, jogaram e perderam.
De certa forma a droga crack é este passo urgente de quem quer chegar mais depressa, não se sabe aonde nem porquê. Semelhante é a aids que, nem sempre em todos os casos, mas em muitíssimos é o resultado um jogo chamado sexo sem proteção e sem cuidados, com parceiro qualquer de qualquer jeito urgente e sem maturidade. Não é por menos que todos os países, além de objetos que protejam, insistem na escolha de pessoa certa. A promiscuidade foi o crack do sexo depois dos anos 60, como já foi em eras prístinas.
A sociedade deu um passo mais avançados quando ligou o casamento ao amor e à escolha certa do parceiro ou da parceira. As pessoas, ao invés de serem dadas em casamento passaram a dar-se. Mas da mesma forma que havia promiscuidade quando se contraiam casamentos por interesse pecuniário e união de fortunas e, por isso, também de corpos, passou a haver promiscuidade quando as pessoas declaravam o fim de um ou vários casamentos por conta de beleza, sexo com alguém mais jovem, união com alguém socialmente mais interessante. O fim da fidelidade sacramentada pelo Estado possibilitou um crack assistido de casamentos juramentados e livremente contraídos. O contrato matrimonial passou a ser desfeito a partir do sentimento em baixa. Como no passado casamento não tinha muito a ver com amor porque fundamentado em fortunas, com o tempo passou a nada ter com fidelidade porque fundamentado em humores.
Excesso de retrocesso e de desajustes acaba em promiscuidade. Passa-se de um desajuste a outro desajuste, por conseguinte de uma a cinco ou seis uniões. O argumento é a felicidade pessoal. Não estando outra vez feliz com esta outra pessoa, a pessoa insatisfeita advoga o direito de tentar mais uma vez até encontrar alguém com quem se ajuste e seja feliz.
Trocar de parceiras com freqüência não é bom nem para o indivíduo, nem para os filhos nem para a sociedade; pior ainda, é transar sem transação de afeto, encontros que não nascem de uniões nem as visam, porque não haverá coabitação. De qualquer jeito, com qualquer um, a qualquer hora não é exercício da sexualidade: é crack. É como subir a dois em árvore desconhecida sem saber se os galhos resistirão... O ruim do quebra galho é que em geral o galho se quebra. Quem sobe depressa e sem cuidado corre maior risco de se machucar! O crack nas ruas, no leito e na política é esta pressa de novas sensações sem as devidas salvaguardas. Acaba em perda de critérios. Não deixa de ser triste que estejamos vivendo esta era e que as maiores vítimas tenham menos de 30 anos! É assassinato de uma geração!
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