quarta-feira, 7 de julho de 2010

O QUE VI EM ROMA - considerações sobre o primado petrino


Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”. (Mt 16, 13ss)

Meus queridos paroquianos,

Este ano sacerdotal ficará para sempre gravado em meu coração como um memorial permanente do meu encontro com Jesus e Pedro. Juntamente com outros 18 padres da diocese de Caicó e quase 300 de outras dioceses nordestinas fomos ao encontro de sucessor de Pedro, o Papa Bento XVI, na cidade eterna, Roma, lugar sagrado para os cristãos porque ali estão sepultados os Santos apóstolos Pedro e Paulo e uma imensidão de mártires e santos que, ao longo de dois mil anos de história, derramaram ali seu sangue por amor a Cristo e aos irmãos. Após o encerramento do ano sacerdotal, tivemos a graça de conhecer Cássia, de Santa Rita, e Assis, de São Francisco e Santa Clara, antes de embarcarmos para a terra Santa, o país escolhido por Deus para realizar a obra de salvação da humanidade.

Após essa nossa peregrinação, sinceramente falando, creio não ser possível alguém voltar de Roma e Jerusalém sem ter fortalecido a sua fé em Jesus Cristo, o seu amor a Maria Santíssima, a devoção a Pedro, aos outros apóstolos e a toda Igreja católica, apostólica e Romana. Usando de honestidade, qualquer pessoa de boa vontade irá facilmente reconhecer na pessoa dos santos padres, os papas, a presença do apóstolo Pedro. É emocionante entrar na Basílica de São Pedro e visitar os túmulos dos papas, um após o outro, constatando diante dos olhos a sucessão apostólica, de Pedro até chegar em Bento XVI.

Na Galiléia, às margens do mar de Tiberíades, visitamos o local onde Jesus teria dito: “Tu és Pedro (pedra), e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e as forças do inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19). É uma sensação incrível abrir a Bíblia e ler, ao lado do rochedo e contemplando o mar da Galiléia, essa passagem em que Jesus constitui Pedro como líder da Igreja. Em teologia usa-se o termo “primado de Pedro”, para demostrar que ele é a cabeça do grupo dos doze apóstolos, ele tem a primazia, a autoridade sobre os demais.

Quando Jesus diz que Simão é “Kefas”, isto é, Pedra (= Pedro), e que sobre esta “Kefas” (pedra) ele construirá a sua Igreja, quer dizer que a Igreja é construída sobre a fé de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus”. Esta fé na divindade de Jesus é o que nos une, como cristãos. São cristãos unicamente aqueles que confessam essa fé de Pedro e que comungam dessa experiência de Igreja. Após a confissão da verdadeira fé da igreja por Simão Pedro, Jesus entrega a ele o “primado”, a autoridade sobre a Igreja. É bom que isso fique bem claro: Jesus entrega as chaves a Simão Pedro, a um homem escolhido por ele: Humano, limitado, sujeito às fraquezas, mas um homem de fé, que diz sim ao projeto de Deus, aberto a missão, disposto a dar a vida por Jesus. Quando Pedro estava para morrer em Roma, transmitiu essa autoridade ao seu sucessor, e assim por diante até chegar a Bento XVI. Essa é a fé cristã mais primitiva e original. Eu voltei desses lugares santos mais convicto do que nunca do meu amor a Pedro, a Igreja e ao papa.

“Pedro, tu me amas mais do que estes? Apascenta minhas ovelhas” (Jo 21, 16). Essa frase de Cristo ressoou nos meus ouvidos ao ver pela primeira vez o papa diante dos meus olhos no patamar da basílica de São Pedro na vigília de encerramento do ano sacerdotal. Como é fantástico ver aquela multidão de pessoas de todas as nações, raças e línguas, de todos os continentes, um mar de aproximadamente 15 mil padres de todo o mundo sendo conduzidos pelo cajado de Pedro. Todos vão a cidade eterna ouvir Pedro, rezar com ele, celebrar a Eucaristia com bispo de Roma, bem acima do túmulo de São Pedro. Muito significativo porque ele é a rocha, o alicerce sobre o qual a basílica está construída. O próprio São Paulo diz na carta aos Gálatas que foi a Jerusalém mais de uma vez para encontrar-se com Pedro, com a autoridade da Igreja (Gl 1, 18; 2, 9).

Teria muitas outras coisas para dizer, mas acredito serem suficientes essas poucas palavras para mostrar a vocês que tudo o que vivemos aqui em nossa pequena paróquia é verdade. Vi com meus próprios olhos que a Igreja do Papa, de Nossa Senhora, dos santos e dos mártires é a verdadeira Igreja de Cristo. Mais do que ver, sentir, tocar, ser tocado pelo testemunho dos apóstolos é algo indescritível. Escrevo estas linhas no dia de São Pedro e São Paulo. Como Padre desta comunidade, assim como fiz em Roma e na terra santa, mais precisamente no Santo Sepulcro, onde Jesus morreu e ressuscitou por nós, peço a São Pedro, a Nossa Senhora e a todos os santos e santas que intercedam por todos os carnaubenses para que a fé cristã católica cresça sempre mais nesta terra tão querida e a barca de Pedro nos conduza até o porto seguro que é Jesus, caminho, verdade e vida.

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